Vamos quebrar um paradigma? (E. E. Soviersovski) Neste período em que são apresentados “5…
Eu resolvi fazer uma pesquisa com pessoas aleatórias para as quais li um pequeno trecho de um texto: “A jovem abriu a porta da casa, bem devagar, e entrou observando a decoração do hall de entrada e da ampla sala de estar. Distraída, pulou quando a porta fechou às suas costas e arregalou os olhos quando se virou.” Aí perguntei: o que aconteceu em seguida?
“O dono da casa, já falecido, a encarava com ar de riso ao lado da porta”, disse o primeiro. “Alguém que a havia seguido, entrou em silêncio, e agora apontava uma arma para ela”, “Ah, o grande amor da sua vida a fitava com lágrimas nos olhos”, “Depois de bater a porta, seus amigos saíram de trás dos móveis com bexigas coloridas nas mãos e lhe cantaram parabéns.” E só mais uma para não me alongar: “O vizinho charmoso e sensual, que fora incumbido pelo dono da casa para cuidar do local, a questiona sobre o que está fazendo ali e porquê.”
É claro que essa foi uma brincadeira indo mais para a literatura do que para o mundo (chamado) real, mas mesmo assim, as propostas tão diferentes que escolhi para mostrar me fizeram pensar (e eu nem repliquei aqui as que entraram pelo mundo da fantasia). O amigo que me deu a primeira resposta havia acabado de assistir um filme de terror; a irmã da minha colega que falou sobre a arma fora recentemente assaltada; a leitora, que citou o grande amor, é uma das pessoas mais românticas que conheci. Já o meu sobrinho é superfesteiro, então trouxe a festa para a história e, a minha tia viajou pelo mundo do romance que explode depois do casal implicar muito um com o outro.
Isso acontece no nosso dia a dia porque cada um de nós tem experiências, visões e motivos diferentes para tomar decisões e agir. O que é certo para mim, pode não ser para A ou B, e vice-versa. Então o que é certo e o que é errado? Não estou falando aqui de não respeitar leis, etc, etc… mas de atitudes que tomamos todos os dias. Será que existe “o” certo ou “o” errado?
Será que não deveríamos respeitar sempre a diversidade de ideias que é tão rica? Que tal deixar os julgamentos, que vêm rápidos como um raio a cada situação, um pouco de lado? Tenho pensado muito nisso, e você?